Entre o fim da Europa e o início da América, há um ponto simbólico: João Pessoa, capital da Paraíba, o ponto mais oriental do continente americano. De 28 a 30 de novembro, essa cidade será o palco do FliParaíba – Festival Literário Internacional da Paraíba, onde nos reuniremos para discutir um futuro descolonizado. Será um evento único, que não só celebra a literatura, mas coloca em pauta a reparação histórica e o diálogo entre o Velho Mundo e o Novo.
Com base nos 500 anos de Luís de Camões, apresentamos “10 ideias para um futuro descolonizado”, um convite para que escritores da África, Brasil e Portugal reflitam sobre o legado do colonialismo e da escravidão, que até hoje deixam suas marcas. O festival será o espaço para reconhecer essas cicatrizes e, mais importante, propor caminhos de reparação. E essa reparação, para ser eficaz, precisa do envolvimento ativo dos brancos, que historicamente se beneficiaram dessas estruturas de poder.
João Pessoa simboliza o local onde o Velho e o Novo se encontram, onde podemos reimaginar as relações entre os continentes e as culturas.
Como homem branco, reconheço a responsabilidade que nos cabe. É fácil apontar dedos, mas o verdadeiro desafio é assumir o papel de agente na construção de um futuro mais justo. Não podemos fugir ao passado, mas podemos escolher o que fazer daqui em diante. E esse compromisso precisa de todos nós, especialmente de quem, como eu, carrega o legado dos que foram beneficiados pelas estruturas de opressão.
João Pessoa simboliza o local onde o Velho e o Novo se encontram, onde podemos reimaginar as relações entre os continentes e as culturas. A literatura será nosso guia, mas o objetivo é mais amplo: abrir um espaço real para a igualdade. Este é o chamado para que todos os que reconhecem o peso da história se juntem a nós nessa jornada.
José Manuel Diogo | Presidente APBRA
Diretor do Festival