“Camões 500 anos – Uma Nova Cidadania da Língua”: FliParaíba arranca com casa cheia no Brasil

Edição de estreia do festival que celebra a diversidade da língua portuguesa reúne autores de cinco países da CPLP e terá dez mesas de debate nos próximos dois dias.

Foi na noite desta quinta-feira (28) que o Centro Cultural São Francisco, situado no centro de João Pessoa, na Paraíba, estado do Nordeste brasileiro, transformou-se na casa de celebração da língua portuguesa que será nos próximos dias. Com a presença de políticos locais e artistas e intelectuais de diferentes países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Festival Literário Internacional da Paraíba (Fliparaíba) arrancou com casa cheia.

“Esse lugar é o mais próximo da Europa na América: simboliza a aproximação, o fim do velho desconhecido, e o princípio do novo início”, anunciou ao público presente o diretor do festival, José-Manuel Diogo, português residente no Brasil há mais de 20 anos e que abriu a cerimónia que começou por volta das 20.00 no horário local (23.00 em Lisboa).

Antes disso, durante a tarde, a programação sofreu algumas alterações: outro organizador do festival, o Governador do Estado da Paraíba, João Azevêdo, teve de dirigir-se a Brasília, capital federal, onde se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Com a ausência do membro do executivo, a vernissage da exposição “O Rosto de Camões”, obra do fotógrafo e artista visual português João Francisco Vilhena, teve de ser adiada para o segundo dia do evento. 

Por falar em Luís Vaz de Camões, é justamente o poeta lusitano o homenageado desta primeira edição do festival literário, que tem como tema “Camões 500 anos – Uma Nova Cidadania da Língua”. Além da celebração do poeta, a edição de estreia do Fliparaíba busca trazer diálogos entre os autores dos diferentes países de língua portuguesa e trazer ideias para um futuro descolonizado. “A partir de amanhã (sexta), vocês poderão ver dez mesas que trilharão dez ideias para dez territórios para dez ações deste nosso futuro descolonizado. Serão dois dias de muito aprendizado”, declarou José-Manuel aos presentes. 

O secretário da Cultura do Estado da Paraíba, Pedro Santos, foi outro a pronunciar-se na inauguração do evento. Para Pedro, a realização do festival traz uma proposta de debate acerca do futuro da língua portuguesa e das relações culturais e até diplomáticas entre os países da CPLP através das tais ideias mencionadas por José-Diogo.

“Descolonizar é um exercício de empatia, de compreensão do lugar comum e do respeito a esse lugar. É um exercício de exigir e ocupar espaços, de subverter narrativas, de reclamar a garantia de direitos e de se fazer respeitar. É, portanto, um exercício de produção de protagonismos”, pontuou o secretário antes de finalizar: “Que o Fliparaíba se consolide como um instrumento de reflexão, valorizando as conexões que nos unem enquanto falantes de um conjunto léxico-semântico, mas sobretudo enquanto sujeitos integrantes deste grande bloco que é o Sul Global”

Ainda esta quinta-feira, foi inaugurada a feira do livro do festival, que já conta com a presença de alguns dos seus principais nomes, como o angolano José Eduardo Agualusa e os cabo-verdianos José Luís Tavares e Vera Duarte Pina. Além de José-Manuel Diogo e João Francisco Vilhena, outro português que se juntará ao evento é Rui Tavares, que chega a João Pessoa na noite de amanhã.

Ainda na cerimónia de abertura do festival, houve a apresentação da Orquestra Sinfónica da Paraíba, que tocou por cerca de 40 minutos numa capela lotada no Centro Cultural São Francisco.

Na sexta-feira, a Fliparaíba abre as portas a partir das 10.00, justamente com a mesa “Identidade e Reconhecimento – Camões, o Estrangeiro”, que terá a presença de Milton Marques Júnior, Maria Bochicchio e Alexei Bueno. A vernissage da exposição “O Rosto de Camões”, de João Francisco Vilhena, ainda não tem horário definido, mas terá a cobertura do Diário de Notícias, parceiro de media do festival.

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