José Manuel Diogo: “O programa do FliParaíba reflete a diversidade e a riqueza da língua portuguesa”

Em conversa com o DN, o idealizador da Feira Literária Internacional da Paraíba fala sobre a primeira edição do evento; festival tem início amanhã, em João Pessoa, em Paraíba, nordeste brasileiro e reunirá autores de cinco países da CPLP.

É na Praia da Ponta do Seixas, em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, no nordeste brasileiro, que está situado o ponto mais oriental das Américas. Será neste concelho que, amanhã, terá início a 1.ª edição da Feira Literária Internacional da Paraíba (FliParaíba), evento que reunirá autores de cinco países lusófonos naquele lugar que, para a organização do festival, simboliza o encontro entre culturas, entre o velho e o novo.

Na edição de estreia, a FliParaíba  promete celebrar a língua portuguesa e o aniversário de nascimento de um dos maiores nomes da literatura em Portugal. Com o tema Camões 500 anos – uma nova cidadania da língua, o festival, idealizado pelo português José-Manuel Diogo e pelo Governo de Paraíba, está previsto ter início às 10.00 da manhã desta quinta-feira. A programação decorre até sábado.

“O FliParaíba  nasce com a ambição de ser mais do que um evento literário; pretende tornar-se um marco cultural e turístico do Nordeste brasileiro. Realizá-lo em João Pessoa, uma cidade que é, ao mesmo tempo, ponto de partida e de chegada, conecta simbolicamente a ideia de um festival que valoriza a proximidade das pessoas e o potencial criativo fora dos grandes centros metropolitanos”, declara ao DN José Manuel Diogo, residente no Brasil e presidente da Associação Portugal-Brasil 200 anos. Por cá, o jornalista e empreendedor foi fundador da Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra.

Na programação do FliParaíba estão confirmados nomes importantes da literatura e representantes de outros formatos artísticos e culturais oriundos de cinco países de língua oficial portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. O historiador, escritor e deputado à Assembleia da República, Rui Tavares (Livre) e o fotógrafo e artista visual João Francisco Vilhena são dois dos nomes portugueses confirmados para o evento.

Na abertura do festival, está programada a vernissage  da exposição Rosto de Camões, de Vilhena, que foi destacada por José Manuel Diogo.

“É um dos maiores fotógrafos de língua portuguesa da atualidade, cujas artes visuais desafiam a memória coletiva – exemplifica como o festival conecta diferentes linguagens para aprofundar a reflexão sobre identidade, história e resistência”, pontua.

Já Rui Tavares participará numa das mesas de conversa do festival no dia 30. O deputado é um dos convidados para o debate “Territórios da palavra, nossas histórias e identidades”, que também contará com a presença do escritor angolano José Eduardo Agualusa e do próprio José Manuel Diogo.
Entre outras personalidades confirmadas para o evento estão Vera Duarte Pina (Cabo Verde), Ungulani Ba Ka Khosa (Moçambique) e José Luis Cabaço (Moçambique/Portugal). A investigadora de poesia portuguesa Maria Bochicchio (Itália) é o único nome não-oriundo de países da CPLP a marcar presença no festival.

A levantar bandeiras que possibilitem ideias para um futuro descolonizado, com outras mesas temáticas como “Culturas da diáspora e suas conexões”, “A arte e a fotografia: descolonizando pensamentos” e “Presenças e sabenças indígenas e africanas na literatura”, o organizador do evento orgulha-se da representatividade presente na edição de estreia.

“Este festival tem entre os seus convidados, mais não-brancos do que brancos e mais mulheres do que homens (…). Queremos criar ponte efetivas de aproximação entre dois mundos que, quer por ressentimento, quer por ignorância, a maior parte das vezes não se conversam”, ressalta José Manuel, que também destaca a ideia de “colocar o Brasil e África no centro da discussão da língua portuguesa”.

Diversa não só entre os convidados, a equipa curatorial do evento também abrange este princípio. Além de José Manuel, a equipa é também coordenada pelo escritor Tom Farias, pela presidente da Empresa Paraibana de Comunicação, Nana Garcez, e Nonato Bandeira, que o português qualifica como “um profundo conhecedor da comunicação e das tradições nordestinas”.

Com a ambição de se tornar uma referência a médio prazo, “atraindo não apenas público local, mas também turistas e intelectuais de toda a lusofonia”, o FliParaíba  terá o Diário de Notícias e o DN Brasil como parceiros de media  da feira. Para José Manuel Diogo, a presença de um órgão de comunicação social da dimensão do DN “é um exemplo de como o jornalismo pode transcender a mera observação e atuar como agente ativo na promoção de ideias que conectam culturas e reforçam o valor do diálogo.”

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